Carta Pastoral do Patriarca de Lisboa
01 de dezembro de 2024

«Dai razões da vossa esperança» sobre a esperança cristã    

1. A graça e a paz de Deus Pai e de Nosso Senhor Jesus Cristo e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós, caríssimos diocesanos de Lisboa, quando se ergue diante de nós o início do Ano Jubilar dos 2025 anos da Encarnação do Verbo de Deus. Jubileu é, na tradição bíblica, o ano em que se reestabelecem as relações com Deus, com os homens e mulheres nossos irmãos e irmãs e com toda a Criação (cf. Lv 25,8-17). Este ano de graça e de reconciliação é marcado pelo tema e pelo ritmo da esperança, convocado pelo Papa Francisco com a BulaSpes non confundit. É sobre a esperança que desejo meditar convosco, convidando cada vigararia, paróquia, comunidade cristã, família, movimento ou grupo, em suma, convidando todas as realidades pastorais e administrativas do Patriarcado de Lisboa, mas também cada homem e mulher a poder renovar não só o conhecimento, mas principalmente a vivência da esperança cristã. Ao mesmo tempo, esta é um desejo universal que transportamos no nosso coração: «corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem»[1], pelo que pode e deve ser veículo para a descoberta e o diálogo com todas as pessoas de boa vontade.        

2. «No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça» (1Pd 3,15). É certo que, muitas vezes, esta passagem bíblica foi entendida como um convite ao aprofundamento sapiencial e racional das ciências sagradas. No entanto, também a devemos entender como um apelo constante a sermos testemunhas, arautos e missionários da esperança trazida por Jesus Cristo. A esperança é o que hoje mais nos poderá ajudar a construir, nas mais diversas e contrastantes circunstâncias, autênticos processos da vida. Mais ainda, é o próprio processo de salvação que pode oferecer ao mundo, pois, como diz São Paulo «foi na esperança que fomos salvos» (Rm 8,24). Assim, o principal capital humanitário que hoje a Igreja pode oferecer é a esperança, pois, quando apresentamos razões de a viver, testemunhamos inevitavelmente a presença de Cristo, vencedor da morte, mas também indicamos como em Cristo se abrem novas possibilidades de reinterpretar e reconstruir cada experiência da existência como caminho e promessa daquela plenitude «que Deus seja tudo em todos» (1Cor 15,28).        

3. Escrevo esta primeira carta pastoral à amada Diocese de Lisboa com a consciência de que é uma comunidade que caminha na fé, procurando sempre fazê-lo em fidelidade ao Espírito Santo. Nos anos mais recentes, o Sínodo de Lisboa (2016), a receção deste (2017-2021), a caminhada sinodal da Igreja universal na renovação da comunhão, participação e missão (2021-2024), o percurso de preparação da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e a sua realização, nos primeiros dias de agosto daquele ano, foram motivos para um aprofundamento da vida eclesial nesta Diocese. Damos graças a Deus por todas as maravilhas que o Senhor realizou nesta porção do Povo de Deus e pedimos a luz do Divino Espírito Santo para prosseguirmos o caminho de renovação da Igreja de Lisboa. É com este propósito que caminhamos, e o Jubileu 2025 será, certamente, oportunidade para crescermos na correspondência ao sonho de Deus para a nossa Diocese. De forma especial, pretendo que o Jubileu seja ocasião para amadurecermos os desafios de desenvolvimento sinodal da vida das comunidades cristãs do Patriarcado de Lisboa, na senda da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, acolhendo os desafios do documento final.        

4. Quer as luzes, quer as sombras que encontramos na nossa realidade atual mostram a oportunidade e a necessidade de aprofundar a vivência da esperança cristã. Esta foi assinalada pelo Papa Francisco, que a escolheu como inspiração para este ano jubilar: «Esta virtude teologal foi vista poeticamente como a “irmãzinha” no meio das outras duas, fé e caridade, mas sem a qual estas duas não progridem, não exprimem o melhor de si. O Povo santo de Deus precisa muito disto!»[2] Já o Papa Bento XVI, no ano de 2007, tinha convidado a Igreja toda a meditar sobre este mesmo tema, quando publicou a Encíclica Spe Salvi. Também, ainda está gravado na memória de todos nós o que se passou no período da pandemia de Covid-19 e como se popularizaram uns cartazes, geralmente desenhados e pintados por crianças, em que se dizia: «Tudo vai ficar bem». Nestes cartazes, em que se via também um arco-íris – o «arco da velha», como os antigos se referiam, recordando a Antiga Aliança estabelecida por Deus com Noé, depois do dilúvio (cf. Gn 9,12-17) –, vemos espelhada a esperança humana, com a certeza de que o bem acabará por vencer e de que, mesmo no meio das piores desgraças e dificuldades, o ser humano é capaz de encontrar sempre uma centelha de esperança. Tudo isto deve ser um convite a olharmos a esperança de uma forma nova, como verdadeira esperançacristã, em que o adjetivo para além de expressão de orientação, é, sobretudo, uma qualidade intrínseca que potencia a natureza do substantivo[3].        

5. Proponho esta meditação sobre a esperança num momento particular da história da Humanidade. As guerras na Ucrânia, na Terra Santa e Médio Oriente, na República Centro-Africana e tantas outras formas de conflito, de ódio e de violência por todo o mundo; o drama da solidão e da exclusão, da pobreza e da fome, já não apenas em lugares distantes, mas cada vez mais próximo da porta de casa de cada um de nós; a incerteza e a insegurança em relação ao futuro de tantos jovens e jovens adultos; a precariedade e a falta de condições para uma vivência digna de tantos migrantes que procuram em paragens longe das suas terras uma oportunidade para viver e constituir família; tantas outras situações que desdizem a dignidade infinita do ser humano criado por Deus, redimido por Cristo, santificado pelo Espírito e chamado à comunhão plena com Deus. São realidade que põem à prova a nossa esperança cristã. Por isso, estas meditações que proponho de seguida não pretendem ser um exercício teórico sobre a virtude teologal da esperança, mas um convite, na esteira da Sagrada Escritura, da Tradição da Igreja e do Magistério, a que renovemos em nós a vida cristã e a que sintamos, no interior do coração, o apelo do Senhor a não temermos diante da agitação das ondas e da tempestade (cf. Mc 4,35-41).      


A esperança cristã num mundo secularizado  

«[Jesus] disse-lhes, naquele dia, ao cair da tarde: “Atravessemos para a outra margem.” E, deixando a multidão, levaram-n’O no barco tal como estava. Havia outros barcos com Ele. Surgiu, então, uma grande tempestade de vento, e as ondas arremessavam-se contra o barco, de tal modo que o barco já se estava a encher de água.» (Mc 4,35-37)      


6. A nossa sociedade, nos últimos séculos e décadas, secularizou muitos elementos da fé cristã, não só do ponto de vista iconográfico, mas também no que concerne a muitos valores cristãos. Um desses elementos que foi secularizado e neutralizado na sua potência cristã foi a esperança. Na sociedade secularizada do nosso tempo, a esperança cristã foi substituída pelo otimismo. O otimismo que, muitas vezes, bloqueia a capacidade de ver a realidade. E assim, diante da angústia e das tristezas sentidas, o otimismo tornou-se apenas uma «espera» por algo melhor, como sucede quando se vai ao médico e ficamos na «sala de espera» aguardando a nossa vez. Há «salas de espera», mas não há «salas de esperança». A esperança cristã aponta para lá do otimismo, ainda que, do ponto de vista antropológico, de certa forma se possa basear nele. Podemos dizer que o otimismo se encontra do lado das possibilidades humanas e a esperança depende de Deus. Por isso, dizia o Papa Francisco: «O otimismo desengana, a esperança não!»[4] É preciso retomar a esperança como virtude teologal, isto é, virtude que só se entende e só se pode viver na relação íntima com Deus. Nisto difere essencialmente da atitude passiva da espera: esperamos sozinhos, mas só temos esperança quando estamos em relação com Deus e com o outro nosso irmão.      

7. A Constituição Sinodal de Lisboa sintetiza as luzes e as esperanças no nosso mundo, segundo o olhar de Deus (cf. n.º 7-12). Como fundamento desta síntese, afirma: «a certeza crente de que este mundo, uma vez “criado e conservado pelo amor do Criador”, muito embora ferido pelo pecado, foi libertado pela Cruz e Ressurreição de Cristo, constitui o fundamento do compromisso cristão no mundo e é geradora de uma esperança firme que nenhuma adversidade poderá jamais abafar»[5]. A Igreja é chamada a uma ação profética neste mundo. Por isso, ela não se pode desligar do contexto em que se situa para poder viver a missão que Deus lhe confiou, desde o início e até à consumação dos tempos. «Esperar equivale a viver: o homem, de facto, vive enquanto espera e a definição do seu existir está ligada à definição do âmbito da sua esperança»[6]. Não se pode separar o ser humano nem do enquadramento em que vive, nem da esperança que alimenta o seu agir. Por isso, a esperança aponta de forma irremediável para a missão que cada cristão é chamado a ser no mundo: imbuído no Espírito de Cristo, está no mundo para o fecundar com esse mesmo Espírito do Alto.        

8. Assim se entende, de forma renovada, o convite do Senhor Jesus a sermos sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-16). Isso nunca é estar de costas voltadas para o mundo e, muito menos, de o proscrever à perdição, mas de o habitar como lugar de missão, em que, habitados nós próprios pela graça de Deus, estamos no mundo como testemunhas da novidade de Jesus Cristo. Com efeito, os cristãos exercem no mundo muitas atividades que, mesmo quem não é cristão, também pode exercer. Mesmo a solidariedade e a filantropia são realizadas, e bem realizadas, por muitos que não se contam entre os batizados. No entanto, é necessário reconhecer que há algo mais que só os cristãos podem oferecer ao mundo. É importante que nunca percamos de vista isso mesmo: somos portadores de Jesus Cristo; no Batismo somos consagrados a Deus e chamados a ser imagem de Cristo, pelas nossas palavras, gestos e atitudes. Por cada um de nós – seja sacerdote, diácono, religioso ou leigo – o Evangelho, a Boa Nova da vida divina, acontece de novo. Importa que tenhamos consciência de que, se nos envergonhamos, se nos fechamos ou se desatendemos a proclamação da Palavra de Deus, estamos a faltar ao compromisso com Deus e com os homens e mulheres nossos irmãos e irmãs. A esperança que temos para oferecer ao mundo é o próprio Jesus Cristo, através da Palavra, dos Sacramentos e da Caridade: assim se participa na vida nova e se anuncia o Evangelho. Cristo é a esperança. Cristo, vivo em nós, é a esperança da Humanidade.        

9. Um dos principais inimigos da esperança é a imanentização da realidade sobrenatural da pessoa humana: a redução de ser humano ao valor do que produz[7] criou uma insensibilidade ao que não se vê com os olhos da carne. Mesmo muitas das relações interpessoais transformaram-se em negócios, em que já não se mede a intensidade e beleza da vivência, mas o lucro ou perda delas decorrente. Aos poucos, o ser humano não só foi perdendo a capacidade de saber o que é o Céu, mas sobretudo vai perdendo a capacidade de o saborear. A Ressurreição de Cristo abriu para nós a possibilidade de fazer experiência da vida divina. Sem a Ressurreição, se Ele não vive ressuscitado em nós, a Igreja não passa de uma instituição que cabe apenas nos estudos sociológicos ou um monte de ruínas, que só podem ser avaliadas por um arqueólogo. A vida nova que Jesus oferece é, realmente, um convite a passarmos à outra margem e a considerarmos a vida como uma participação verdadeira no sobrenatural, no Mistério que nos engloba a todos. Há um dinamismo de conversão que tem de acontecer, que brota do reconhecimento e da consciência da graça do Amor invisível de Deus em nós. Um passo essencial neste caminho é o cultivo da virtude da humildade, uma vez que a esperança nos lembra que só pelas nossas forças não somos capazes de corresponder plenamente à vocação de Deus para nós: «Quando Deus Se revela e chama o homem, este não pode responder plenamente ao amor divino pelas suas próprias forças. Deve esperar que Deus lhe dará a capacidade de, por sua vez, O amar e de agir de acordo com os mandamentos da caridade.»[8] Outro passo que resulta da humildade é saber escutar, observar/contemplar e discernir os sinais de Deus, os sinais da Casa Comum, os sinais dos seres humanos, cientes de que Deus também interpela a nossa esperança pelos sinais do ambiente e da humanidade.      


Redescoberta das virtudes teologais  

«Ele estava na popa a dormir, com a cabeça sobre a almofada. Acordaram-n’O, então, e disseram-Lhe: “Mestre, não Te importa que morramos?”»
(Mc4,38)    
 

10. Depois de darmos o passo da conversão, da primeira conversão, o que nasce em nós é a intensificação da relação com o Pai, por Cristo, no Espírito; é a tomada de consciência do primado absoluto de Deus, que organiza a nossa existência a partir e em função d'Ele. Há vários percursos para estabelecer esta relação. Tradicionalmente, há o percurso da razão, isto é, do estudo e do aprofundamento da revelação e da doutrina. Recentemente, tem sido muito sublinhada a via pulchritudinis, isto é, o caminho da beleza[9]. Numa Europa que ainda conserva sinais de uma identidade cristã fulgurante, este caminho é particularmente relevante: a beleza das obras de arte que preenchem tantas igrejas antigas e modernas; a harmonia da música sacra antiga, atualmente já pouco utilizada na liturgia, mas que enche muitas salas de espetáculos; também, a beleza da caridade cristã, que se expressa, por exemplo, no gesto simples de atender e auxiliar um pobre. Recuperar a beleza das mil e uma expressões do catolicismo é caminho para mostrar a beleza própria de Deus, como luz que se refrata em muitíssimas cores. Importa recuperar o olhar contemplativo e ser capaz de ver a vida cristã autêntica, com a certeza de que esta é testemunho do amor de Deus. É a forma mais ajustada de viver hoje a evangelização, como dizia o Papa Paulo VI: «O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres […], ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas.»[10]        

11. Por muito tempo, insistiu-se demais na ideia de que a porta de entrada na fé cristã era a conversão moral. Esta unilateralidade foi-se acentuando quando a fé era transmitida nas famílias, em que se aprendia a viver como cristão com o pai, com a mãe e com os avós. A conversão moral era a consequência óbvia desta fé que se recebia com o leite materno. No entanto, na sociedade em que vivemos, já não se pode dar por adquirida a transmissão da fé. Deste modo, é preciso colocar o anúncio do Evangelho em primeiro lugar, se não queremos que a Igreja se torne apenas numa instituição de competências sociais. Neste âmbito é muito pertinente viver um ano jubilar dedicado à esperança. Em primeiro lugar tem de estar a relação com Deus, ou seja, a dimensão teologal da fé, esperança e caridade. Esta é a base da conversão integral, como de forma luminosa ensina o Catecismo da Igreja Católica: «As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão.»[11] Pôr a nossa esperança em Deus mostra que somos chamados a confiar mais no auxílio da graça divina do que nos nossos esquemas pessoais ou pastorais[12].        

12. Pôr em primeiro lugar a relação com Deus implica, também, renovar as estruturas e práticas eclesiais. A conversão sinodal a que o Papa Francisco tem convidado a Igreja também passa por isso. Quando o Concílio Vaticano II reconheceu que todos os cristãos, independentemente do estado, idade ou condição, são chamados à santidade, foi isto mesmo que quis afirmar: dar prioridade à relação com Deus. O reconhecimento desta prioridade orienta a doutrina a respeito da Igreja, interpretada como sacramento do amor de Deus: o que se reflete no corpo eclesial, edificado por cada um dos seus membros, não são as suas qualidades pessoais ou os seus talentos, mas a luz da graça de Deus. Deste modo, levar a sério a vida teologal implica perseverar no caminho da humildade, da escuta, do acolhimento, do discernimento, porque importa que seja Deus a aparecer, seja Deus a falar, seja Deus a realizar a sua obra de amor e de graça.        

13. Em Portugal, o acontecimento de Fátima tem especial relevo. A oração que o Anjo ensina aos Pastorinhos coloca no coração das virtudes teologais a adoração. Esta atitude orante é o polo agregador de toda a vida teologal: só na adoração se encontra a disponibilidade para Deus[13]. Esta mensagem celeste foi transmitida num tempo em que o mundo atravessava uma guerra sangrenta, em que a vida humana era facilmente descartada. Com efeito, quando se esquece Deus ou quando se voltam as costas a Deus, é o ser humano que acaba por sofrer, porque a sua dignidade se degrada rapidamente, pois Deus é a fonte da dignidade humana. Sermos arautos da esperança tem de passar por anunciar a dignidade de toda a vida humana, desde a conceção até à morte natural, passando pelos variados estados entre uma e outra. Um Jubileu da Esperança deve ser um convite a mudanças estruturais na nossa sociedade, para que cada pessoa seja reconhecida na sua dignidade e cuidada por aquilo que é: uma pessoa querida e amada.        

14. As expectativas humanas podem ser veículo para a esperança teologal, quando se tornam oração. Elas podem ser apresentadas no coração, durante a oração, em diálogo com Deus. Diante do sacrário, podemos falar a Jesus dos nossos dilemas e dos nossos projetos e encontrar num excerto da Palavra de Deus a indicação de que necessitamos. O nosso coração abre-se a um novo horizonte de esperança, a um novo «sim», quando rezamos com verdade e confiança o Pai-Nosso, de forma especial a petição «seja feita a vossa vontade»: a esperança cultiva a abertura radical a uma vida totalmente confiada nas mãos de Deus. E a vontade de Deus é o Amor. Com efeito, a esperança «exprime-se e nutre-se na oração, particularmente na oração do Pai-Nosso, resumo de tudo o que a esperança nos faz desejar»[14].        

15. A esperança é uma certeza do futuro que experimentamos no presente. O Jubileu 2025 é uma oportunidade peculiar para fazermos essa experiência. Não deixa de ser curioso notar que, na história sagrada, nos setenta anos que o Povo passou no Exílio, não se celebraram jubileus. Ou seja, quando não se está na Terra Prometida, há um impedimento de celebrar jubileus. Pelo contrário, nós celebramo-los, porque estamos na Terra Prometida, que é a comunhão com o próprio Senhor Jesus. Deste modo, é no presente que se faz a experiência dos frutos jubilares: a graça, a conversão, a vida teologal, a indulgência. Isso acontece porque estamos em Deus; porque estamos enxertados em Cristo pelo Batismo; porque vivemos animados pelo seu Espírito. Realmente, somos já habitantes da Terra da Promessa, concidadãos dos santos (cf. Ef 2,19).      


Peregrinos da esperança  

«E Ele, levantando-Se, repreendeu severamente o vento e disse ao mar: “Cala-te! Fica quieto.” O vento amainou e fez-se grande bonança.»  
(Mc 4,39)      


16. É verdade que, no nosso tempo, encontramos muitas luzes, mas também muitas trevas que nos fazem duvidar e ter medo. Precisamente por isso, torna-se necessário que no coração de cada cristão se renove a virtude da esperança: «Precisamos muito dela [da esperança] nesta época que parece obscura, na qual às vezes nos sentimos perdidos diante do mal e da violência que nos circundam, perante a dor de tantos nossos irmãos. É necessária a esperança! Sentimo-nos confusos e até um pouco desanimados, porque nos descobrimos impotentes e temos a impressão que esta obscuridade nunca acaba.»[15] Fazemos a experiência concreta de estar no meio da tempestade. Contudo, como os Apóstolos, é precisamente no meio da tempestade que redescobrimos que o Senhor segue connosco na barca. No meio do medo e da aflição, descobrimos que, afinal, nunca estamos realmente sozinhos. O Senhor dá-nos confiança, acompanha-nos com a Sua presença e com o Seu amor.        

17. No meio de um mundo tantas vezes carente de paz e de segurança, aumentam constantemente o número de peregrinos e peregrinações, a Fátima, a Santiago de Compostela e a outros santuários. O sentido fundamental da peregrinação encontra-se na esperança. Fazer uma peregrinação é uma metáfora da vida cristã: começamos onde e como estamos e partimos rumo a uma meta, a um destino, a um objetivo. Diz-se muitas vezes nas peregrinações, sobretudo a Santiago de Compostela: «Caminhante, não há caminho. O caminho faz-se andando.»[16] É necessário que nos ponhamos a caminho, pois não basta saber que há Céu e Vida eterna. É preciso que a nossa vida se transforme em função desse objetivo. Somos peregrinos não de uma ideia ou de uma boa intenção, mas somos peregrinos em Cristo – caminho, verdade e vida – ao encontro de Deus. Na celebração anual do Natal, evocamos o mistério do Deus que, não só Se faz próximo do ser humano, mas faz-Se um de nós, «para que, contemplando a Deus visível aos nossos olhos, sejamos arrebatados no amor do que é invisível»[17]. Assim, iniciando o Jubileu 2025 na Noite de Natal, somos convidados a recordar que a esperança, que vivemos enquanto cristãos, Se fez carne: «Quando falamos de esperança, referimo-nos muitas vezes àquilo que não está no poder do homem e que não é visível. Com efeito, o que esperamos vai além das nossas forças e do nosso olhar. Mas o Natal de Cristo, inaugurando a redenção, fala-nos de uma esperança diferente, de uma esperança confiável, visível e compreensível, porque fundada em Deus. Ele entra no mundo e dá-nos a força de caminhar com Ele: Deus, em Jesus, caminha ao nosso lado e dentro de nós, caminhar com Ele rumo à plenitude da vida dá-nos a força de viver o presente de maneira nova, criativa, jubilosa, embora difícil. Então, para o cristão viver a esperança significa ter a certeza de estar a caminho com Cristo rumo ao Pai que nos espera. A esperança nunca está parada, a esperança está sempre a caminho e leva-nos a caminhar. Esta esperança, que o Menino de Belém nos confere, oferece uma meta, um destino bom para o presente, a salvação à Humanidade, a bem-aventurança a quantos confiam em Deus misericordioso.»[18]        

18. O Natal é precedido pelo Advento, que é o tempo litúrgico da esperança, por excelência. As figuras bíblicas que acompanham este tempo litúrgico são sinais eloquentes da vida teologal. Em primeiro lugar, no Antigo Testamento, o profeta Isaías: ele experimentou de forma especial a proximidade com Deus e sentiu a purificação necessária para se aproximar da missão confiada por Deus (cf. Is 6,4-8). Em segundo lugar, João Batista, o Precursor: que aponta a urgência de ter o coração preparado para receber o Messias. No anúncio do Batista, a urgência é a conversão, a mudança de vida, a disposição de vida e de coração para acolher Jesus Cristo (cf. Mt 3,7-12). Em terceiro lugar, o símbolo por excelência da esperança cristã, a Virgem Maria, a Mãe e Senhora da Esperança. Em especial, no título da Senhora do Ó cruza-se a expectativa humana – pelo nascimento da criança – com a esperança teologal – a realização das promessas do Antigo Testamento –, em que o Deus próximo é o Deus que se faz bebé, pequeno, frágil e simples (cf. Lc 1,26-38).        

19. A Quaresma é iluminada pela esperança da Páscoa. Atravessamos o deserto como Povo de Deus, que deixa para trás a escravidão e sabe-se chamado à vida de comunhão com Deus. No caminho de libertação do Povo de Deus, experimenta-se – sobretudo na experiência do Sinai – que o Deus que chama à liberdade é o próprio Deus que liberta. No entanto, a libertação a que o seu Povo é chamado a experimentar e a viver não é apenas de ordem jurídica ou territorial, mas é também uma libertação que passa pela conversão do coração – com o dom dos Mandamentos – e pela santificação do Povo, especialmente marcada no dom do culto ritual e do apelo à santidade. A esperança que envolve o Povo que faz a peregrinação quaresmal é a santidade de Deus. Este é um tempo em que se intensificam as práticas penitenciais. Estas, porém, não se esgotam em si mesmas, como se fossem uma «cosmética espiritual», mas apontam para a comunhão, para a relação com Deus e com os irmãos, para a entrada na Terra Prometida, que é a vida divina do próprio Jesus Cristo.        

20. Reza a liturgia na Solenidade da Ascensão do Senhor: «Ele não abandonou a nossa condição humana, mas, subindo aos céus, como nossa cabeça e primogénito, deu-nos a esperança de irmos um dia ao seu encontro, como membros do seu Corpo, para nos unir à sua glória imortal.»[19] Na Páscoa celebra-se a esperança cristã, porque a morte não é o fim da vida humana. A realidade mais tenebrosa que ensombra a vida deixa de ter domínio sobre Cristo e sobre aqueles que a Ele estão unidos. Por consequência, a Cabeça, que já está na comunhão divina, para aí nos transporta no seu Corpo, que é a Igreja. Esta passagem da morte à vida, do pecado à graça, é o ritmo e o estilo da esperança autenticamente cristã. É preciso redescobrir a Páscoa como tempo de esperança, como afirma com assertividade o Papa Francisco: «Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o Senhor, o Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e começou a abrir os nossos corações, a fim de não acabar a esperança. Por isso devemos também nós elevar os olhos para Ele.»[20]      


Reativar lugares de esperança  

«Depois disse-lhes: “Porque estais assustados? Ainda não tendes fé?” Sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”»  
(Mc 4,40-41) 

     


21. A palavra evangélica que nos tem conduzido ao longo desta carta confronta-nos ainda com a forma como Jesus nos encontra na nossa situação concreta. A esperança não é uma ideia abstrata, mas implica sempre a necessidade de encarnar, precisa de ocupar os lugares humanos, de abrir processos de evangelização, de alargar horizontes de santidade. Deste modo, há determinados âmbitos em que, de forma especial, se pode viver e aprofundar a esperança. Quero convidar todos a assumir, de forma nova, os desafios destes lugares de esperança. Quero propor-vos alguns, sem esquecer aqueles que o Papa Francisco indica na Bula Spes non confundit[21], nem aqueloutros que o Papa Bento XVI evocava na EncíclicaSpe Salvi[22].        

22. O primeiríssimo lugar em que se concretiza a esperança é na família. Cada nova família é fruto de outras famílias que a precederam e semente de novas famílias que prolongam o sacramento do amor de Deus no mundo. A família constitui-se, assim, numa «Escola de Esperança». A família que é, em primeiro lugar, uma realidade natural, foi santificada e elevada à dignidade sobrenatural pela Encarnação. Celebrar os 2025 anos do nascimento de Jesus Cristo numa família concreta, deve ser um convite a reviver a realidade familiar como lugar de encontro com Deus. Especialmente na sociedade em que vivemos, em que o anonimato e a subjugação aos grandes sistemas sociais, políticos e económicos tantas vezes imperam, é necessário voltar a recordar que a célula básica da sociedade é a família. É, ela própria, a sociedade que surge pela vontade de duas pessoas, homem e mulher, que se entregam mutuamente e se comprometem a realizar um caminho juntos e fecundo de vida e amor, até que a morte os separe. Jesus Cristo está no meio das nossas famílias, quando estas se reúnem em seu nome; quando a oração é o porto de abrigo e de verdadeira revisão da vida familiar; quando se apresentam a Deus as súplicas que traduzem as preocupações de cada membro da família. Importa nunca esquecer que a «família que reza unida permanece unida»[23].        

23. Na família e nas comunidades cristãs edifica-se o segundo lugar da esperança que quero sublinhar: a iniciação cristã. A sua porta de entrada é o anúncio cristão, a pregação do Evangelho. Sem anúncio daquilo que é fulcral na fé cristã, ou seja, sem o kerygma, a Igreja torna-se apenas mais uma instituição no meio de outras instituições humanas. Na missão da evangelização encontramos a índole propriamente sobrenatural da Igreja e a razão da sua existência. Desta evangelização nasce a conversão. Esta não se pode reduzir apenas a uma conversão moral, mas àquela conversão que é a experiência da intimidade de Deus, que oferece ao ser humano uma realidade totalmente nova e um novo horizonte: «Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo»[24]. Aliás, sem o primado da graça – que é Deus em nós – não faz sentido a conversão moral, que se tornaria apenas um moralismo, uma adequação do comportamento a uma norma, desprovida de todo o conteúdo e sentido. Deste modo, a iniciação cristã é sempre um convite a mergulhar na vida divina.        

24. Um terceiro lugar de esperança é a realidade pastoral das nossas comunidades cristãs. Estas devem ser porto de abrigo, onde o encontro com Cristo cura, consola, renova e fortalece. É importante que toda a pastoral esteja orientada para este encontro e que toda a missão da Igreja seja dadora de esperança teologal, no tempo que atravessamos. Convoco todas as comunidades cristãs para a missão. Partir em missão é estar, em primeiro lugar, mergulhado no próprio Cristo; partir em missão é fazer nascer Cristo na relação com o outro, a quem nos dirigimos com aquela caridade que preenche o coração dos cristãos. Devemos aproveitar este tempo para nos encontrarmos com os não-crentes, que estão unidos a nós pelas mesmas inquietações, interrogações e esperanças. Todos precisamos de alguém que nos olhe e acolha com esperança. Partir em missão é viver a certeza de que o Espírito Santo nos precede e suscita o acolhimento da Palavra proclamada, dos sacramentos celebrados e da caridade operosa. Elenco três elementos em que isso pode ser especialmente importante, ou, pelo menos, mais notório:   a. A celebração eucarística: é o «Sagrado Banquete em que se recebe Cristo» e, por isso, onde se realiza a íntima comunhão entre o Céu e a Terra. O canto do «Santo» e a Oração Eucarística recordam que, na Missa, não estão presentes apenas os que ali se encontram, mas Aquele que Se torna presente no altar e que une o Céu à Terra. É importante sublinhar este valor transcendente da celebração eucarística, para que seja sempre celebração do mistério de Cristo, que dá a sua vida por nós;   b. O sacramento da Reconciliação: várias vezes o Papa Francisco tem apelado para que se deixe de ver este sacramento como uma ida «à lavandaria», mas que ele seja vivido como um processo médico, em que as feridas são tratadas e as doenças curadas. Por isso, este sacramento, que tem sempre uma dimensão de passado, abre-se à esperança de uma vida mais próxima de Deus e segundo a Sua vontade. Peço que se sublinhe esta abertura a Deus, para que se desenvolva cada vez mais a vida teologal entre os cristãos. Com efeito, «a reconciliação sacramental não é apenas uma estupenda oportunidade espiritual, mas representa um passo decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e abrace, nos faça conhecer o seu rosto terno e compassivo»[25].   c. As celebrações exequiais: em muitos locais, estas continuam a ser momentos que congregam muitas pessoas. Deve-se evitar que sejam celebrações imanentistas, em que só se atende à realidade material e presente. São momentos de anúncio da esperança cristã, de repropor o âmago do anúncio cristão, de anunciar a Ressurreição do Senhor. Deve-se fazer ressoar o anúncio alegre da vitória de Cristo sobre a morte. O acompanhamento das famílias e dos amigos do defunto é, sempre, uma oportunidade de mostrar a Igreja, próxima e amável, que escuta as preocupações, os sofrimentos e os anseios das pessoas e mostra o caminho da fé cristã como percurso de vida eterna.         25. Um quarto lugar de esperança é a própria vida quotidiana. Há uma expressão temporal da esperança cristã, marcada pelo dom da paciência: mesmo que, no ser humano, a fé tenha um sentido difuso, em determinado momento é levado a reconhecer que necessita de Deus. No entanto, a esperança implica acreditar sempre e confiar o futuro a Deus. Deste modo, a esperança estimula a fé e fá-la crescer. Importa ativar o sentido da esperança nos acontecimentos do dia a dia – seja na saúde ou na doença, nas alegrias e nas tristezas –, de forma que desejemos «o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo»[26]. Isto deve ser uma missão que incumbe a todos os cristãos: da família aos locais de trabalho, da escola à universidade, nos momentos marcantes e nos compromissos mais corriqueiros do dia a dia. Em todos os momentos os cristãos são chamados a testemunhar esta certeza de que não só não estão sozinhos, como sabem que quer o presente, quer o futuro estão nas mãos de Deus.      

Conclusão   26. Se a esperança Se fez carne, então, podemos dirigirmo-nos com confiança à Virgem Maria, pedindo que nos dê esperança. Nas suas entranhas concebeu a carne do Filho de Deus e acompanhou-O em toda a sua vida. Quando Jesus disse ao discípulo: «Eis a tua mãe» (Jo 19,27), estava também a dizer-lhe: «Eis a tua mãe da esperança.» Em Maria, o povo crente encontra o refúgio que conduz a Deus e, por isso, pode invocá-la como «Estrela da esperança»[27]. A ela confio este ano jubilar e todos os trabalhos que se vão desenvolver, pedindo à Mãe da Esperança que interceda por todos nós e nos ajude a viver para Deus, a seguir as pegadas de Cristo, a vivermos plenamente como templos do Espírito Santo, como ela própria viveu e nos ensina a todos a viver.         27. Finalmente, trazemos, ainda, no coração as palavras que o Papa Francisco dirigiu à Igreja em Portugal: «Este é o tempo da graça que o Senhor nos concede para nos aventurarmos no mar da evangelização e da missão.»[28] Este ano jubilar é o tempo propício para, verdadeiramente, nos lançarmos em caminho sinodal que nos leva para a missão, dando a razão da nossa esperança, não só de um ponto de vista racional, mas com toda a vida e com todo o empenho. É tempo de recobrar toda a paixão do apostolado, levando todos, todos, todos ao encontro com Cristo. Desejo um santo e feliz ano jubilar, na comunhão e na participação e, como corolário de ambas, na missão. Assim Deus nos ajude e Nossa Senhora por todos interceda.   Deus abençoe todos os diocesanos de Lisboa.       São Vicente de Fora, I Domingo do Advento, 1 de dezembro de 2024 † RUI, Patriarca de Lisboa       [1] Catecismo da Igreja Católica, n.º 1817.   [2] Papa Francisco, Discurso aos participantes na plenária do Dicastério para a Evangelização (setor para as questões fundamentais da evangelização no mundo), 15 de março de 2024.   [3] A virtude da esperança «assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens, purifica-as e ordena-as para o Reino dos céus; protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade» (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1818).   [4] Papa Francisco, Audiência geral, 7 de dezembro de 2016.   [5] Constituição Sinodal de Lisboa, 8 de dezembro de 2016, n.º 4.   [6] C. M. Martini Piccolo manuale della speranza.(2012). Milão: Giunti.16.   [7] Um processo que vem acontecendo sobretudo marcado pelo desenvolvimento rápido da indústria e da técnica.   [8] Catecismo da Igreja Católica, n.º 2090.   [9] «A linguagem da arte é parabólica, dotada de uma especial abertura universal: a “via Pulchritudinis” é uma senda capaz de orientar a mente e o coração para o Eterno, de os elevar até às alturas de Deus» (Bento XVI, Discurso, 25 de outubro de 2012).   [10] Paulo VI, Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, n.º 41.   [11] Catecismo da Igreja Católica, n.º 1813.   [12] De forma contundente chamava a atenção para isso Bento XVI na sua visita a Portugal em 2010: «Muitas vezes, preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista. Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções; mas que acontece se o sal se tornar insípido?» (Bento XVI, Homilia, 11 de maio de 2010).   [13] Importa recordar a memória que o Cardeal Joseph Ratzinger transmitia no comentário teológico à terceira parte do segredo de Fátima: «Num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objetivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso» (Congregação para a Doutrina da Fé, A Mensagem de Fátima, Comentário teológico, 26 de junho de 2000).   [14] Catecismo da Igreja Católica, n.º 1820.   [15] Papa Francisco, Audiência geral, 7 de dezembro de 2016.   [16] Machado, A. Caminante, no hay camino.   [17] Missal Romano, Prefácio I do Natal.   [18] Papa Francisco, Audiência geral, 21 de dezembro de 2016.   [19] Missal Romano, Prefácio da Ascensão I.   [20] Papa Francisco,Homilia, 30 de março de 2024.   [21] Papa Francisco, Bula Spes non confundit, n.ºs 7-15.   [22] Bento XVI, Encíclica Spe Salvi, n.ºs 32-48.   [23] João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, n.º 41.   [24] Bento XVI, Encíclica Deus caritas est, n.º 1.   [25] Papa Francisco, Bula Spes non confundit, n.º 23.   [26] Catecismo da Igreja Católica, n.º 1817.   [27] Cf. Bento XVI, Spe Salvi, n.º 49.   [28] Papa Francisco, Homilia de Vésperas, 2 de agosto de 2023.


FOTO: Diogo Paiva Brandão/Patriarcado de Lisboa


In Patriarcado de Lisboa