A Ermida de S. Sebastião remontará aos séculos XV/ XVI e situa-se no extremo Norte da vila da Ericeira, sobre as arribas, isolada do tecido urbano primitivo, possuindo características únicas na zona.
É um edificio de aparência simples, de planta hexagonal e de cúpula terminada em gomos, que tem adossado um outro corpo formado pelas sacristias e altar (sendo que a construção deste é datada já do séc. XVII). Existem registos de que em 1567 um grupo de moradores da vila da Ericeira pediu licença para levantar um altar na Ermida de S. Sebastião.
O exterior totalmente branco contrasta com o interior forrado quase completamente a azulejos policromados (dominando o azul e amarelo), do séc. XVII, época em que a arte da azulejaria se desenvolveu bastante, nomeadamente na decoração de espaços religiosos. O padrão dos azulejos é fitomórfico e geométrico, de grande efeiro estético.Além da ermida de S. Sebastião, também do séc. XVII e, como mera curiosidade, acham-se vestígios de outros panos azujelares na cobertura exterior da torre sineira da Igreja Paroquial de S. Pedro e na Sacristia da Igreja da Misericórdia (onde primitivamente se situava a Capela do Santíssimo Espírito Santo). No altar podem admirar-se os embutidos de pedra feitos por autorização de D. Luís de Sousa, Arcebispo Metropolitano de Lisboa e Capelão Mor do Príncipe, aquando da autorização para as obras de ampliação do templo, 24 de abril de 1678. Nestas obras foi também acrescentado um chão novo.
António Bento Franco descreve este espaço da seguinte forma "o altar separado do retábulo e permitindo a passagem por detrás, é em alvenaria maçiça com o seu frontal em azulejos do mesmo tipo dos das paredes, sendo a banqueta simples de mármore rosa e de moldura simples". Este altar veio substituir o anterior que estaria situado, provavelmente, no interior do polígono e não em construção anexa, como atualmente se encontra. Do retábulo sobressaem quatro colunas de fuste lisos, cilindro-cónicos, com bases e capitéis em bolacha, que suportam o entablamento com arquitrave, friso e cornija bem proporcionados. Sobre este entablamento assenta um tímpano em frontão semi-circular cortado por gomos, tendo como fecho uma pequena mísula.Nos mármores deste conjunto as cores dominantes são o rosa, o branco e o amarelo-oca. Entre as colunas, para dentro e para fora delas, e em toda a base do retábulo, a parede de fundo é forrada com placas de mármore com embutidos em várias cores, umas com figuras geométricas, outras com desenhos inspirados no período renascentista muito ao gosto italiano e ainda outras com filetes em traços simples. No centro do retábulo existe o nicho com a imagem de S. Sebastião, de escultura muito perfeita, provavelmente do séc. XVIII, sobre uma peanha de mármore branco, com filetes embutidos em azul escuro de traço fino. O altar possui um pequeno Cristo Crucificado. No lado do Evangelho situa-se a penha em mármore do antigo púlpito. O chão da Ermida é de ladrilhos cerâmicos.
A confraria de S. Sebastião, com sede nesta ermida, era composta unicamente por rapazes solteiros, e até 1968, teve nela as suas tumbas, sendo estas posteriormente transferidas para a Misericórdia, em conjunto com as da Igreja Paroquial.
As festas em honra do mártir S. Sebastião foram em tempos as maiores da vila e arredores e devido à sua imponência eram realizadas na igreja de S. Pedro, sendo que, a imagem do Mártir reconduzida em procissão para a sua capela no dia de S. Vicente (22 de janeiro) onde festejavam então os dois mártires.
Pormenor curioso era que esta procissão se realizava a "passo acelerado, esbofando os da música que, apesar do tempo ser quase sempre fresco, chegavam encharcados em suor". Isto sucedia devido à proibição, desde 1702, pela Visitação Eclesiástica, existente de "bailes, comezainas e bodegas" que "devassavam o templo" nas festas em honra de S. Vicente e S. Sebastião - 20 e 22 de janeiro.
Atualmente celebram-se os dois mártires na capela de S. Sebastião, no domingo mais próximo de 20 de janeiro celebra-se S. Sebastião e a 22 de janeiro S. Vicente.