Queridos amigos,

Desta vez escrevo-vos desde o aeroporto de Lisboa, enquanto espero licença para partir para três dias de visita a Roma com o nosso Cardeal Patriarca (dom Manuel Clemente) e mais trinta padres “novos” da nossa diocese de Lisboa (isto é, ordenados nos últimos sete anos). Vamos ao encontro do Papa Francisco e também do Cardeal José Tolentino Mendonça, nosso professor do tempo de seminário. Talvez na próxima edição tenha oportunidade para contar sobre esta viagem, mas agora escrevo-vos sobre alguns acontecimentos relevantes que tiveram lugar entre nós no final de maio e neste mês de junho! Olhando para a agenda tão cheia deste mês, detenho-me em 4 acontecimentos.

Gostava de destacar uma reconciliação que teve lugar no dia 31 de maio, dia da Festa da Visitação de Nossa Senhora a Sua prima Isabel e também dia dos Irmãos. Nesse dia, como habitualmente às 3as feiras, fui celebrar Missa a Fonte Boa dos Nabos às 19h. À entrada na capela, encontrei sentado um homem já de idade avançada e reparei que a sua irmã também estava ali sentada, mas noutro banco mais à frente. Sabia como aqueles dois irmãos estavam desavindos e não se falavam há mais de 40 anos e como isso era motivo de dor para cada um. Então disse-lhe: “hoje é dia dos irmãos, é dia de fazer as pazes com a sua irmã!” E ele perguntou-me: “oh senhor padre, mas acha que ela quer? Se ela quiser fazer as pazes, eu também quero!” Respondi-lhe: “Claro que sim!” Depois, fui ter com ela e disse-lhe: “hoje é dia dos irmãos, é dia de fazer as pazes com o seu irmão!” E ela perguntou-me: “oh senhor padre, mas acha que ele quer? Se ele quiser fazer as pazes, eu também quero!” Respondi-lhe: “Claro que sim!” E no final da Missa, levei-a pela mão ao pé do irmão e disse-lhes: “Hoje é dia dos irmãos: saudai-vos na paz de Cristo!” Logo eles se abraçaram um ao outro a chorar e cheios de alegria! E eu comovido fiquei também, pensando no dom dos irmãos e como é importante perdoar e superar ressentimentos. Pensei também como esta reconciliação recorda a minha missão como padre: devo ser instrumento da paz, ajudando ao reencontro com Deus e com os irmãos.

O segundo acontecimento que vos conto é a visita da Cruz diocesana da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) às nossas paróquias entre 4-7 junho. Recebemos a Cruz na Basílica de Mafra na noite de 3 junho e logo aí começou a nossa missão. Quando terminou a vigília de oração, convidei os jovens para comer um gelado no McDonalds e disse-lhes que a cruz viria connosco também. A princípio, eles ficaram atrapalhados e pareciam hesitar. Depois, cheios de um atrevimento que só podia vir do Espírito Santo, os jovens venceram o medo e foram ao pé de cada cliente do McDonalds para apresentar a JMJ e convidar todos a participar no meio de tão boa disposição! Foram dias intensos, nos quais a cruz da JMJ surpreendeu muitos ao visitar os alunos das Escolas, as crianças do Centro Social da Ericeira e da catequese, os pescadores no Porto de pesca, os jovens e todos os que se encontravam na Praia dos Pescadores, no largo de São Julião e no Jogo da Bola, os paroquianos nas Missas na igreja de São Pedro ou no Parque de Santa Marta, entre outros. A Cruz entrou em muitos lugares comuns para lembrar que esta JMJ é uma grande oportunidade de encontro com Deus e de proximidade a todos e ao Papa, de evangelização alegre e de serviço em comunidade, depois de anos difíceis marcados pela pandemia e pelo distanciamento social.

As festas dos Santos Populares trouxeram multidões à Ericeira e Carvoeira. Com o generoso empenho das Comissões de Festas de cada paróquia, pudemos celebrar as maravilhas que Deus fez na vida e por meio de Santo António. Os Santos têm essa marca de Deus aqui na terra, despertando-nos para aspirar à conversão e à santidade, ao nosso alcance também, sem desistir: o exemplo da pregação de Santo António aos peixes é revelador dessa perseverança que dá frutos! No dia 13, teve lugar a bênção na renovada capela de Santo António (nas Ribas) e na Carvoeira houve também Missa, Procissão e depois animado arraial ao largo da capela de S. António.

Finalmente, destaco a celebração da Festa do Corpo de Deus com a Primeira Comunhão das crianças, no dia 16 junho. Com elas e com as suas famílias e a comunidade, promovemos uma Procissão do Santíssimo Sacramento pelas ruas da Ericeira e foi muito emocionante ver a serenidade, a devoção e a curiosidade com que todos aderiram. Impressiona este Mistério de Deus que permanece connosco na Eucaristia e que pede que O vejamos assim Escondido na Hóstia consagrada. Pela fé, acreditamos que “Isto é o Meu Corpo”, verdadeiramente o Corpo de Cristo, entregue por amor para nosso alimento e nosso descanso. Quando descobrimos esta Presença Real de Jesus no meio de nós, a Missa deixa de ser uma pesada obrigação a cumprir, para se tornar uma aspiração que precisamos porque Ele nos dá descanso e ânimo. Venham à Missa!

O texto já vai tão longo e penso em mais histórias deste mês que ficaram por contar... o Festival Vicarial da Canção (com participação honrosa dos nossos jovens da Ericeira) ou o Torneio de Futebol de Acólitos (os nossos no escalão juvenil foram fantásticos e venceram o torneio e os seniores só foram derrotados na final desempatada em grandes penalidades!), entre outras. Vou pedir à Isabel para passar a fazer uma edição quinzenal do Jornal para poder contar tudo!